A teoria da “internet morta” volta a ganhar força: bots já ocupam um terço da web

A internet parece mais ativa do que nunca, mas essa vitalidade pode ser ilusória. Cada vez mais especialistas afirmam que uma grande parte do que vemos online não vem de pessoas reais. Segundo a Cloudflare, cerca de um terço de todo o tráfego atual da web é gerado por bots, e esse número não para de crescer. Eles estão em redes sociais, fóruns e até em conversas que soam humanas, o que levanta dúvidas sobre o que ainda é autêntico na internet.

Essa presença silenciosa muda a forma como interagimos e consumimos conteúdo. E o mais preocupante é que boa parte do público nem percebe que está falando com programas automatizados. Enquanto as empresas de tecnologia ampliam o uso de Inteligência artificial, fica mais difícil distinguir o que é real e o que é apenas simulação.

O que está por trás da explosão de bots

Os bots sempre existiram, mas hoje são mais sofisticados e numerosos. Muitos apenas percorrem sites para indexar páginas, mas outros colhem dados para treinar ferramentas de IA generativa. O problema é que eles ocupam espaços antes dominados por interações humanas, como fóruns e comentários, criando uma sensação falsa de engajamento.

Até o CEO da OpenAI, Sam Altman, admite que os bots estão mudando a dinâmica da internet. Mesmo assim, nenhuma solução prática surgiu para conter essa enxurrada de interações artificiais, e o conteúdo automatizado continua se espalhando em ritmo acelerado.

Líderes da IA já admitem o problema

Altman contou que ficou desconfiado ao ver uma sequência de elogios ao OpenAI Codex em um subreddit dedicado ao rival Claude Code. Para ele, grande parte dos comentários parecia criada por bots, não por humanos de verdade. Isso mostra como até os principais nomes da indústria de IA começam a questionar a autenticidade do que aparece online.

Apesar dessa preocupação, empresas continuam lançando ferramentas cada vez mais avançadas. E, enquanto ninguém propõe limites claros, os usuários seguem cercados por interações que parecem reais, mas podem ser fruto de algoritmos.

A teoria da internet morta ganha força

A Dead Internet Theory diz que boa parte da atividade online atual é falsa, criada por máquinas. Essa ideia surgiu em fóruns em 2021 e parecia exagerada na época, mas voltou com força depois do avanço de ferramentas como o ChatGPT. Antes mesmo da IA generativa, estudos já estimavam que mais da metade do tráfego da web vinha de bots.

Se essa teoria estiver certa, a internet pode estar se tornando um enorme palco de interações artificiais. E isso levanta uma questão crítica: como confiar no que vemos online se não sabemos quem está por trás?

Autenticação e alternativas controversas

Bots cada vez mais avançados conseguem enganar sistemas de verificação, o que facilita golpes e a criação de contas falsas. Altman reconhece o problema, mas não apresentou soluções eficazes. A única proposta que apoia é a Worldcoin, uma startup que pretende usar escaneamento de íris para identificar humanos reais.

Ele chegou a sugerir essa tecnologia ao Reddit, justamente enquanto reclama do excesso de bots na plataforma. A ideia levanta debates sobre privacidade e mostra o tamanho da crise de confiança na web atual.

Como saber se um conteúdo foi criado por bots

Se você quer se proteger, vale ficar atento a alguns sinais. Conteúdos gerados por bots costumam apresentar padrões bem específicos que podem denunciar sua origem:

  • Textos genéricos e sem informações novas ou exclusivas
  • Erros de contexto ou respostas que fogem do assunto
  • Uso repetitivo das mesmas palavras e estruturas de frase
  • Ausência de opiniões pessoais ou experiências reais
  • Publicações em grande volume e alta frequência

Identificar esses sinais ajuda a diferenciar conteúdos reais de criações automatizadas. Com o avanço da IA, esse cuidado tende a se tornar ainda mais importante.

O futuro da web pode ser mais robótico do que humano

Se essa tendência continuar, veremos cada vez mais conteúdos e interações criadas por IA fingindo ser gente. Isso acelera o avanço tecnológico, mas também ameaça a confiança na internet. Enquanto ninguém cria regras claras para separar humanos de robôs, empresas seguem lucrando com a confusão.

Talvez estejamos mesmo caminhando para uma internet onde o que parece humano já não é mais. E a grande dúvida agora é se teremos como reverter esse cenário antes que os bots dominem tudo de vez.

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