Entrar no mercado de trabalho já é um desafio. Mas para a Geração Z, essa missão ganhou ainda mais peso com o avanço da inteligência artificial. Apesar da incerteza, muitos jovens estão encarando o cenário com humor e resiliência, mostrando que rir do problema pode ser mais do que uma válvula de escape: é uma estratégia para enfrentar as mudanças que estão redefinindo o emprego.
Humor como ferramenta de adaptação
Nas universidades e rodas de conversa, já virou comum brincar que a IA vai acabar com todos os empregos antes mesmo de quem está se formando conseguir o primeiro estágio. Mas por trás das piadas existe uma forma diferente de encarar a pressão. Em vez de deixar o pânico dominar, muitos preferem usar o riso como escudo. Reconhecem os riscos, mas mantêm a leveza diante do futuro.
Um estudante resumiu bem esse espírito ao dizer: “Pensar demais nisso dá a impressão de que nada vai funcionar. Então prefiro imaginar que algo novo vai surgir”. Essa postura mostra que a Geração Z tende a lidar com as mudanças de forma menos dramática que gerações anteriores.
Números que reforçam a preocupação
A insegurança não é apenas sensação. Dados da Goldman Sachs revelam que os jovens entre 20 e 30 anos enfrentam atualmente um aumento de quase 3 pontos percentuais no desemprego desde o início de 2024. Esse número está bem acima da média nacional, reforçando que o impacto é mais forte justamente em quem está começando.
Segundo o economista Joseph Briggs, isso acontece porque os cargos iniciais costumam ter tarefas repetitivas, facilmente substituídas por máquinas. Apesar disso, muitos já estão usando a própria inteligência artificial para decidir carreiras ou cursos. Quase 42% da Geração Z já fez isso, índice maior do que em qualquer outra geração.
Carreiras em transformação
Diante desse cenário, estratégias estão mudando. Parte dos jovens aposta em áreas com forte interação humana, como saúde mental, educação e profissões técnicas. Outros mergulham na tecnologia, acreditando que dominar a IA pode garantir espaço no futuro.
Além disso, cresce o interesse por alternativas fora do modelo tradicional, como freelas, aulas particulares e criação de conteúdo digital. Essa diversidade de caminhos mostra que, mesmo com medo, a iniciativa continua presente.
Quando o riso não basta
As piadas no TikTok sobre entrevistas de emprego ou sobre o “olhar perdido” de quem atende clientes são divertidas, mas também revelam a ansiedade. O humor alivia, mas não resolve a raiz do problema.
Para o economista Tyler Cowen, a resposta passa pela educação. Ele defende que universidades dediquem parte significativa do currículo para ensinar a usar a IA de forma crítica, desenvolvendo habilidades que máquinas não conseguem replicar, como liderança, criatividade e pensamento estratégico.
Preparar é a chave
O grande desafio recai sobre escolas, empresas e governos: transformar essa resiliência da Geração Z em preparo real. Ensinar competências digitais, mas também reforçar o lado humano, é essencial para criar oportunidades. A inteligência artificial não precisa ser vista como ameaça, mas como ferramenta de apoio.
No fim, o humor pode até ser um sinal positivo. Rir mostra resiliência, mas precisa vir acompanhado de ação. Só assim os jovens não apenas sobreviverão, mas terão chances reais de prosperar no futuro do trabalho.