Se você acredita que escolher um curso popular na faculdade é garantia de emprego no futuro, talvez seja hora de rever essa ideia. Um dos cursos mais concorridos nas universidades dos Estados Unidos, Ciência da Computação, está enfrentando um cenário inesperado: um alto índice de desemprego entre recém-formados.
Segundo um relatório do Federal Reserve Bank of New York, Ciência da Computação ocupa o sétimo lugar entre os cursos com maior taxa de desemprego entre novos profissionais, chegando a 6,1%. Isso acontece mesmo após o boom tecnológico durante a pandemia, quando muitos acreditaram que trabalhar com tecnologia seria sinônimo de estabilidade.
O mito da segurança no mercado de tecnologia
Durante anos ouvimos que aprender a programar, dominar linguagens como Python ou JavaScript e seguir carreira em tecnologia era garantia de sucesso. Grandes empresas pareciam contratar sem parar, e o trabalho remoto se tornou um atrativo ainda maior.
Mas esse cenário mudou. Gigantes como Amazon e Google vêm cortando milhares de vagas. Ao mesmo tempo, a inteligência artificial está assumindo funções que antes eram feitas por humanos especializados.
O resultado é uma concorrência brutal para quem está entrando agora no mercado. E não é só nos EUA. Esse movimento atinge também outros países, inclusive o Brasil.
Demanda alta, mas emprego de verdade escasso
O paradoxo chama atenção: cada vez mais jovens escolhem Ciência da Computação acreditando em “inúmeras oportunidades”, mas isso também significa mais gente tentando os mesmos cargos.
Enquanto a taxa de desemprego entre formados na área chega a 6,1%, outros cursos menos populares, como engenharia civil ou nutrição, registram índices abaixo de 1%.
O problema não está apenas no excesso de formados, mas no nível de exigência das empresas. Alex Beene, professor da Universidade do Tennessee, explica: “Muitos recém-formados acham que vão sair da faculdade direto para um cargo bem pago, mas o mercado pede muito mais do que um diploma”.
Experiência prática x teoria acadêmica
Outro ponto é que a faculdade nem sempre acompanha as habilidades exigidas no dia a dia do mercado. Bryan Driscoll, consultor de RH, resume bem: “As empresas querem provas de trabalho, experiência real e portfólio”.
Isso significa que só ter o diploma não basta. É preciso mostrar projetos no GitHub, ter participado de desenvolvimentos reais e saber resolver problemas práticos.
A pressão por estágios, bootcamps e cursos extras nunca foi tão grande. Mas até isso tem se tornado difícil: muitos estágios são mal remunerados e sem garantia de efetivação. Em alguns casos, empresas chegam a exigir anos de experiência para vagas que deveriam ser de entrada.
Como se preparar melhor para esse mercado competitivo?
Para não ficar para trás, é preciso se destacar desde cedo. Participar de hackathons, criar projetos pessoais, colaborar em softwares de código aberto e buscar certificações são passos cada vez mais importantes.
O especialista Michael Ryan, do site MichaelRyanMoney.com, lembra que muitas pessoas entram no curso acreditando que vão criar o próximo Facebook, mas a realidade é outra: “Muitos alunos chegam cheios de expectativa e têm dificuldade até para resolver problemas básicos de código”.
Ou seja, Ciência da Computação continua sendo uma área promissora, mas não garante emprego automático. A cada ano, milhares de universitários se formam com habilidades parecidas, enquanto as empresas querem profissionais já testados na prática.
Isso não significa que o mercado esteja fechado. Muito pelo contrário. A tecnologia segue em expansão e será essencial para resolver problemas em diversas áreas. O segredo é começar cedo, investir em experiência prática e não depender apenas do diploma.
Se você está pensando em entrar nessa área, prepare-se para ir além da teoria. Criar, praticar e se destacar antes mesmo de se formar pode ser o diferencial que abre portas para as melhores oportunidades.